José era noivo de Maria quando ela concebeu Jesus em seu ventre, por obra do Espírito de Deus. Justo, não repudiou a noiva e acolheu a ela e ao filho, que criou como se fora seu. Sabe-se, também, que tal como Maria, recebeu a visita de um anjo que lhe avisou sobre a gravidez da Virgem e dos perigos que cercavam o Menino quando Herodes soube de seu nascimento. E, por fim, que se espantou com Jesus, já adolescente, que falava aos doutores no Templo de Jerusalém. Isso é o que nos apresentam os Evangelhos. A eles, a tradição da Igreja acrescenta que era um homem já com idade avançada e cuidador da família de Nazaré.
Jesus recebeu de José a educação hebraica, a tradição da religião de seu povo e conhecia bastante bem suas tradições. Portanto, o “pai terreno” do Messias cumpriu com diligência a sua própria missão. Mas, creio que tenha ido além: cativou o coração do Menino de tal forma, que, já em sua vida pública, quando precisava explicar o amor de Deus pela humanidade, Jesus não se furtava de compará-lo ao amor de um pai por seus filhos. Ora, se Jesus assim o sabia, era porque ele mesmo tinha a experiência de ter sido imensamente amado por seu pai. Em Jesus, Javé deixava de ser o Senhor dos Exércitos para ser apenas Pai – tal como um dia chamara José. A última menção a José nos evangelhos ocorre no episódio do encontro de Jesus no Templo, onde falava aos doutores, ainda com seus treze anos. O texto termina com uma menção ao desenvolvimento do ainda bem jovem Jesus: ele crescia em estatura, sabedoria e graça. Esta última, certamente dada por sua condição divina. As outras duas, contudo, fruto do trabalho contínuo de seus pais que lhe protegiam, cuidavam e ensinavam. De José, o filho de Deus aprendeu a profissão, os valores, as leis civis e a tradição religiosa. Dele também recebeu o alimento e o abrigo físico.
A graça do Pai do céu permitiu a manifestação de sua divindade, a figura do pai terreno constituiu a sua humanidade.
José não era tão silencioso como a história o fez. Era o chefe da família de Nazaré, o cuidador de dois seres especiais, que com ele partilhavam do mistério da presença de Deus no seu dia a dia.
Portanto, o santo pai terreno de Jesus é muito maior e tem muito mais a nos dizer que a imagem envelhecida e coadjuvante que estamos acostumados a ver. José nos fala sobre a atenção ao outro, sobre a confiança para com os amados, sobre a fidelidade aos sonhos e a Deus, sobre a vivência de um amor infinito à família que constituiu e ao seu Senhor.
Ensinamentos de pai, que filho nenhum pode esquecer.
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