Pular para o conteúdo principal

Você e os outros

Foto: José Luiz Altieri

Em sua Mensagem para a Quaresma de 2015, o papa Francisco aborda o tema da indiferença e faz uma reflexão muito oportuna para os tempos que correm, marcados pela exasperada busca do gozo individual da vida.

Fala da indiferença diante dos sofrimentos do próximo, das muitas tragédias humanas em curso, diante das quais poderíamos ficar, simplesmente, indiferentes ou neutros, uma vez que isso se passa lá longe e não nos ameaça de perto...

Há o drama dos migrantes e do tráfico humano, tão sentido na Europa meridional, sobretudo na Itália e na Espanha; o Mediterrâneo é rota de chegada de muitos imigrantes clandestinos à Europa, traficados com frequência por organizações criminosas, que os exploram e, depois, os abandonam à própria sorte. Muitas milhares dessas vítimas já pereceram nas águas do Mediterrâneo.

Também há as tragédias das guerras em curso e de ações selvagens de grupos intolerantes e terroristas, que tentam impor seu poder aos outros pelo terror. Muitos cristãos e outros grupos religiosos estão sendo vítimas dessa fúria insana. Este é um tempo de muitos mártires!

Enquanto essas coisas acontecem longe de nós, tendemos a ficar indiferentes ao drama de quem sofre. Infelizmente, as notícias e imagens sobre as tragédias humanas tendem a despertar mais curiosidade do que solidariedade. Ouvimos falar de pessoas que foram sequestradas, decapitadas, crucificadas, queimadas vivas e isso nos parece coisa de cinema... E ficamos indiferentes; afinal, não poderíamos fazer nada mesmo para mudar as coisas...


Mas não faltam dramas humanos bem perto de nós; nem por isso nos envolvemos. Temos sempre uma boa razão para justificar nosso não envolvimento com os sofrimentos alheios. Todavia não deveria ser assim e o Papa nos chama a mudar nossa atitude, como parte de nossa conversão quaresmal. Os cristãos são chamados a se envolverem com os outros: “se um membro, sofre todos os demais membros sofrem com ele” (1Cor 12,26). O exemplo de Cristo Jesus, que se solidarizou conosco e assumiu nossas dores e as carregou em seu corpo deveria ser nossa referência.

O cristão experimenta o amor de Deus e a solidariedade de Cristo: “tanto Deus amou o mundo, que lhe enviou se Filho único, para que não pereça todo aquele que nele crer, mas tenha a vida eterna” (cf Jo 3,16).  Por isso, exorta o Papa, os cristãos e cada uma das organizações da Igreja devem ser “ilhas de solidariedade” num mundo cada vez mais fechado à fraternidade.

“Onde está teu irmão?” (Gn 4,9); esta pergunta, feita por Deus a Caim, depois do assassinato de Abel, continua a ser feita a cada um de nós também, desafiando-nos a ficarmos atentos às situações vividas pelos outros, não buscando apenas o próprio bem. A Igreja é um corpo e, em cada uma das nossas comunidades eclesiais, deveria ser voltada uma atenção especial para os membros mais frágeis, os pobres, os doentes e os pequeninos. Um amor meramente ideal e universal não pode deixar sem atenção os Lázaros concretos que jazem à frente das nossas portas...


A Quaresma é um tempo propício para nos voltarmos para os outros; a Campanha da Fraternidade, promovida pela CNBB todos os anos, vai nessa direção e nos aponta sempre para alguma dimensão específica da vivência do amor ao próximo, inseparável do amor a Deus. O Papa nos convida a superarmos a “vertigem da indiferença”, saindo do fechamento em nós mesmos e voltando nossa atenção ao próximo, com suas necessidades e sofrimentos.

Fonte: Artigo do Cardeal D. Odilo Scherer, publicado no site da Arquidiocese de São Paulo




Comentários

  1. Bom dia meu nome é Rodrigo tenho uma empresa de bartenders e gostaria de fazer parceria com vocês. Caso tenham interesse me mandem um email para eu enviar minha proposta de parceria.

    rodrigo@xbartenders.com.br
    x.bartenders@hotmail.com

    Obrigado

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Jesus, Maria, José, nossa família vossa é!

Jesus, Maria e José precisam ser entronizados em nossa casa para que nós e nossa família sirvamos ao Senhor. Que Jesus, Maria e José sejam nossos donos, os senhores da nossa casa! Nossa Senhora veio ao mundo com a missão exclusiva de ser mãe do Filho de Deus. O Pai quis que Seu Filho se fizesse homem e tivesse uma mãe biológica; Maria foi a escolhida. Desde o início, ela foi escolhida em vista do Filho. Sendo Sua mãe, ela também se pôs a Seu serviço. Ela também poderia dizer: “É preciso que Ele cresça e que eu diminua”. No alto da cruz, Jesus nos deu Maria como mãe. Mas, desde toda a eternidade, quando o Pai concebeu Seu plano, Ele já trazia no coração que a Virgem Maria seria mãe do Seu Filho e mãe de todos nós, para que Jesus fosse o primogênito de uma multidão de irmãos. São José também foi escolhido por Deus para ser o pai adotivo de Jesus por obra do Espírito Santo. José investiu toda a sua vida em Maria e em Jesus, vivendo somente para os dois. Esse foi o seu ato de fé.

Movimentos Pastorais: Legião de Maria

Dentro de uma comunidade, muitas são as áreas em que os paroquianos podem atuar, como já citamos algumas vezes em matérias anteriores. Sendo assim, c om objetivo de divulgar os movimentos e pastorais presentes em nossa comunidade , inauguramos uma nova seção em nosso blog, na qual traremos informações sobre os diferentes grupos e atividades . Com isso, esperamos envolver cada vez mais os paroquianos em torno do serviço pastoral, que é uma das faces mais importantes da vida em comunidade.  Começamos, então, com a apresentação da Legião de Maria . A Legião de Maria é uma associação de leigos católicos existente em todo mundo . Foi fundada pelo  irlandês Frank Duff, em 7 de setembro de 1921,  e é respaldada na fé em Jesus Cristo, por meio da Santíssima Virgem , glorifica a Deus e O serve por meio da oração e da ação, em prol do cumprimento do Testamento do Senhor: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura (Mc 16:15)”.   Segundo o site oficial da Legião de Maria

Missa pelos Enfermos

Por ocasião do Dia Mundial dos Doentes (11 de fevereiro), no próximo sábado, o Padre Marcelo Delcin celebrará mais uma vez em nossa Paróquia a Missa pelos Enfermos, que é dedicada, especialmente, às pessoas que sofrem de algum mal, crônico ou não, e também para pessoas de idade avançada, como uma força a mais para a caminhada. Nessa celebração os doentes presentes recebem a "Unção dos Enfermos". Abaixo, um artigo tirado do site Canção Nova  que explica de forma breve e muito clara as origens e funções dessa unção. " No ritual da unção dos enfermos  encontra-se a seguinte petição a Deus:  “Por esta santa unção e pela Sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na Sua misericórdia, alivie os teus sofrimentos” . Esta oração contém o objeto central desse sacramento, ou seja, confere a ele uma graça especial que une mais intimamente o doente a Cristo. Jesus v