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Família: pode sempre contar com a Igreja

A Semana Nacional da Família, promovida todos os anos pela CNBB, traz mais uma vez a temática da família à nossa reflexão. A Igreja continua a falar da família, “conforme o plano de Deus”, apesar de todos os discursos divergentes e até contrários ao seu ensinamento sobre o casamento e a família. 
A Igreja parte de suas convicções de fé, a partir da revelação divina. Ao criar o homem e a mulher, “Deus viu que era muito bom” o que havia feito (cf. Gn 1,31) e abençoou-os, mandando que se unissem e tivessem filhos e formassem família. A família, pois, está na intenção de Deus ao criar o homem e a mulher e ao lhes reservar uma missão e bênção especial para isso. 
Jesus confirmou essa bênção e a instituição do casamento: “não separe o homem o que Deus uniu!”, responde Ele aos que lhe perguntavam se era lícito ao homem divorciar-se de sua mulher (cf. Mt 19,6). Na pregação dos apóstolos, especialmente de São Paulo, temos os desdobramentos do ensinamento de Jesus sobre a família. Quem poderia, pois, colocar-se contra o desígnio de Deus a respeito da família, sem desencadear sérias consequências para a família e o que ela representa para a humanidade?! 
Casamento e família não são mera criação da sociedade, embora os povos, ao longo da história, possam ter dado revestimentos culturais próprios a essas instituições básicas da humanidade e de qualquer sociedade organizada. Os rituais da celebração do casamento, as leis sobre o matrimônio e sobre o papel social da família podem variar, mas não muda o que diz respeito à essência, à natureza e às finalidades próprias do casamento e da família: segundo sua natureza própria, o casamento existe entre homem e mulher, com comprometimentos recíprocos de amor e fidelidade e com as finalidades da procriação, da satisfação e do apoio recíproco dos cônjuges. 
Casamento e família são anteriores ao Estado e às suas leis, e este tem o dever de amparar e proteger ambas as instituições. Ao deixar de fazê-lo, o Estado compromete as suas próprias bases e favorece o surgimento de numerosos problemas para as pessoas, para a sociedade e para si próprio. A liberalização do divórcio, a equiparação das uniões livres à união assumida pelo vínculo matrimonial e familiar são fatores de enfraquecimento da família e de desestruturação social, estando na origem de numerosos e dolorosos dramas pessoais e sociais. 
A Igreja, portanto, continua a afirmar a verdade sobre o casamento e a família à luz daquilo que está conforme à natureza das coisas e conforme à verdade manifestada por Deus a respeito do homem e da mulher. Não consideramos o casamento uma instituição falida e superada, nem compartilhamos do pensamento de quem considera a família um barco à deriva, que já não tem mais salvação e, por isso, deve ser abandonado ao naufrágio.
É inegável que a família e o casamento, atualmente, são atingidos por forte crise, que leva ao fracasso inúmeros casamentos. Resulta daí uma imensidade de famílias feridas por compromissos não mantidos, humilhações, abandono e até violências. Elas precisam ser acolhidas, compreendidas e ajudadas. Na Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, o Papa Francisco mostra caminhos para uma nova atenção pastoral da Igreja em relação às situações de dor nas famílias e em relação aos casais que vivem em situações irregulares, perante a norma da Igreja. A CNBB acaba de publicar um subsídio pastoral interessante para promover uma acolhida ampla e adequada da palavra do Papa na Exortação “Amoris Laetitia”.
É importante crer que Deus não fecha as portas nem desampara ninguém neste mundo, embora possam ter existido erros e decisões erradas e inconsequentes. Sem diminuir em nada a doutrina tradicional sobre matrimônio e família, o Papa Francisco convida toda a Igreja a lançar um olhar de misericórdia e de acolhida para esses casais e famílias em situação irregular, que continuam sendo membros da Igreja e não devem ser excluídos da Igreja, nem se sentir deixados fora dela. Há muitas formas de participação na vida da Igreja e, mesmo sem a participação plena nos sacramentos, a Igreja quer ajudar cada um a se encontrar com Deus e a seguir os caminhos de Jesus Cristo, que são caminhos de misericórdia e conversão e conduzem à vida.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo metropolitano de São Paulo
Artigo publicado no jornal O SÃO PAULO, edição 16/8/2017


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