O Concílio de Trento nos ensina que existem três classes de comunhão: a comunhão sacramental; a espiritual; e a sacramental e espiritual. A primeira delas, como diz o nome, refere-se ao momento em que recebemos a Hóstia Consagrada durante a Santa Missa, devidamente preparados para tal. Porém, a nossa verdadeira união com o Senhor exige uma profunda disposição da alma em encontrar o Supremo Amor.
Esta disposição da alma é o que a Igreja chama de "comunhão espiritual" que, além de tornar ainda mais perfeito o momento que comungamos, ainda é um caminho para muitas pessoas que, por diversas razões, não podem comungar sacramentalmente. É para elas, e para todo cristão que quer verdadeiramente comungar do Corpo e Sangue do Senhor, que existe a Comunhão Espiritual.
Segundo São Leonardo de Porto-Maurício, esta é
"um ardente desejo de alimentar-se com este Pão celestial, unido a uma fé viva que atua pela caridade, que nos torna participantes dos frutos e das graças do Sacramento. Em outras palavras: os que não podem receber sacramentalmente o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebem-no espiritualmente fazendo atos de fé viva e de caridade fervorosa".
Por meio de uma sincera oração mental, podemos receber o Senhor, mesmo fora da Santa Missa, como explica Santo Afonso Maria de Ligório:
Esta devoção é um meio eficacíssimo para chegar à perfeição e ao mesmo tempo é uma devoção facílima, porque pode ser praticada todos os dias, por todos, e quantas vezes se quiser, sem ser vista ou observada por pessoa alguma. Pratica-a, pois, com frequência, em particular, na oração mental, na visita ao Santíssimo Sacramento e na assistência à Missa à hora da comunhão do sacerdote.
Na Comunhão, o Corpo Místico de Cristo que é a Igreja reúne-se e encontra-se com Seu Amor. Em Cristo, não há exclusão - aqueles que ainda se preparam para receber os sacramentos, os que por seu estado de vida não podem aproximar-se do Sacramento, os doentes - somos todos um, no Santíssimo Sacramento.
O Pe. Luciano Scampini esclarece que "o valor da comunhão espiritual como caminho extrasacramentário da graça encontra apoio no fato de que a Igreja “com firme confiança, crê que, mesmo aqueles afastados do mandamento do Senhor e que vivem agora neste estado, poderão obter de Deus a graça da conversão e da salvação se perseverarem na oração, na penitência e na caridade FC 84” (cf. G. Muraro, I divorziati risposati nella comunitá cristiana, Cinisello Balsamo, Paoline,1994 in Sc. Catt. art. cit. 564-565).
Por isso, a propagação desta prática é muito importante para combater o desânimo do fiel quando, por algum impedimento, este não está apto a receber o Corpo e Sangue do Senhor. Nestes casos, o sacramento da Reconciliação e a direção espiritual junto a um sacerdote são ainda mais indicados. Sobretudo devemos confiar que, em nós mesmos não somos dignos de tal Graça, mas que "Somente Deus é capaz de tornar-nos dignos. É pela dignidade divina que comungamos. (...) E este desejo deve existir não apenas no momento da comunhão (exterior, na hóstia), mas em todo tempo e lugar, como um alimento que produz a vida da graça na alma" (Santa Catarina de Sena).
Mas como comungar espiritualmente?
Há muitas fórmulas e orações que podem ser feitas neste momento, com grande proveito da alma. São Leonardo de Porto-Maurício sugere rezar mentalmente, com muito amor "Vinde, Jesus adorável, vinde ao meu pobre coração, vinde saciar meu desejo; vinde santificar minha alma; vinde meu adorado Jesus, vinde, ó dulcíssimos Jesus!", seguido de um silêncio profundo e de uma ação de graças.
Outra oração tradicional é a seguinte:
"Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Ó Jesus, sumo bem e doce amor meu, vulnerai e inflamai o meu coração, afim de que esteja abrasado em Vosso amor para sempre. Amém."
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