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Padre Lorenzo: "O que aprendemos nessa quarentena?

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Desde o início do isolamento social, nosso pároco, Pe. Lorenzo Nacheli, tem buscado formas de se fazer próximo aos paroquianos.

Na semana passada, lançou um primeiro convite de exercício para esta quarentena: escrever uma carta de esperança aos amigos. Ele mesmo nos enviou uma primeira carta, à qual muitos de nós responderam, espalhando palavras de encorajamento e ânimo não só ao Pe. Lorenzo, mas a toda nossa comunidade. 

Para esta semana, mais um desafio: a partir da leitura do conto "O vulcão da lama amarela" - de autoria do Pe. Lorenzo, devemos escrever em um papel tudo aquilo que estamos aprendendo durante este tempo. Clique aqui para ouvir a mensagem do Pe. Lorenzo . A seguir, o conto:

O vulcão da lama amarela


“Kracatiucooooooovidkryscrak!”

O Homem acordou no meio da noite com os gritos aterrorizante do vulcão.  Também o Homem dorme, mesmo estando sempre pronto, usando sua armadura. Todos acordaram, não dava para não despertarem assustados. Logo os cavaleiros tocaram as trombetas. Nem precisava, mas o protocolo de proteção tinha que ser seguido. O povo nem precisou aguardar os mensageiros oficiais para entender o que estava acontecendo. As cornetas tocando não emitiam uma opinião, mas um fato a ser tomado em consideração seriamente: “Fiquem em casa!”, gritavam a galope os cavaleiros, continuando a seguir à risca o que tinha sido estabelecido.

Ao amanhecer ninguém saiu de casa, as lojas ficaram fechadas, nenhuma porta ou janela do condado se abriu. Naquele dia ninguém colocou os sapatos e preparou o almoço para ser levado ao trabalho. As crianças não foram para a escola. Os cavaleiros, protegidos pelas armaduras, sopraram com todas as forças que tinham no coração e no cérebro, percorrendo todo o território. Depois de alguns dias, as cornetas tocaram novamente, dessa vez em festa! O vulcão não era mais uma ameaça, e os resíduos em tom avermelhado presentes em todos os cantos diziam que o perigo tinha passado. Nesta última erupção, ninguém se jogou ou foi constrangido a mergulhar na caldeira do vulcão Covid!

O povo do condado tinha aprendido bem como lidar com os gritos do Covid. Com o tempo, aprenderam a conviver com o medo. Na primeira vez em que ele se apresentou do nada para os moradores de Montaperto, foi um verdadeiro pesadelo cotidiano. Até as crianças sabem que aconteceu do nada. Antes do primeiro estrondo, aquele monte era conhecido pelos vinhedos, pela colheita da uva e pelas belas caminhadas ao ar livre.

Quando aquele primeiro estrondo aterrorizou o Homem, ninguém sabia o que estava acontecendo e nem os mais sábios e inteligentes podiam imaginar o que aquele novo espetáculo da natureza traria. A terra verde esmeralda se rachou, as videiras e as árvores começaram a ser engolidas e queimadas. A lava fluía, às vezes quente e às vezes gelada, e no fim do caminho percorrido se jogava estrondosamente na lagoa onde as crianças costumavam aprender a nadar. O cone do vulcão ficou baixo, um buraco no chão verde, e a lava amarela era cuspida lentamente, sem interrupção. Tornou-se um grande espetáculo natural que não podia deixar de atrair a curiosidade da maioria. A natureza sabe doar cores e movimentos magníficos mesmo aos eventos mais terríveis.

Ninguém podia imaginar que, escondidas naquela lama vomitada, as videiras conseguiam sobreviver, mesmo queimando lentamente. Foi descoberto que não era a lama o perigo, mas sim as raízes e os galhos das videiras, que se tornaram invisíveis aos olhos, também aos olhos dos mais atentos. Os homens, as mulheres e até algumas crianças começaram a ser arrastados até a lama incandescente, enrolados pelos transparentes galhos, raízes e folhas. Os fortes e os sãos nem percebiam os fios cobrindo o corpo todo; já os mais fracos lutavam por dias e muitos cediam exaustos, até mergulhar na fogueira do vulcão, vinda do centro da terra. Alguns queimavam, outros congelavam vivos. Eles não sobreviviam, mas as videiras continuavam vivas.

Precisou de tempo para os cavaleiros da Fraternidade entenderem que não era suficiente soprar: precisavam usar também a inteligência, que às vezes os homens desperdiçam. Os cavaleiros não costumam fazer isso. Utilizaram as próprias armaduras para salvar aqueles que não tinham forças para resistir aos puxões das videiras. Dentro das armaduras, os galhos desistiam depois de um tempo e secavam; de invisíveis se tornavam vermelhos, em vários tons, e o perigo diminuía. Como as armaduras eram poucas, foi logo evidente que os cavaleiros não podiam salvar todos aqueles que caíam na armadilha silenciosa do vulcão.

Ainda hoje precisa-se de pelo menos dez anos de preparação para construir sua própria armadura, feita à medida do cavaleiro. Sim, porque todas são diferentes, todas são para “ser” e não para “aparecer”. Naquela emergência, poucas armaduras salvaram muitas vidas. Os cavaleiros ficaram sem armaduras por um tempo, arriscando a própria vida pelos outros. Até o Homem, que não era, emprestou a própria armadura não sendo mais, ficando nu pela primeira vez. 

Mas não as armaduras não foram suficientes para todos os que se viam enrolados pelos galhos e raízes. Enquanto as pessoas ficavam fora de casa, trabalhavam, estudavam, corriam para seus próprios afazeres, as videiras continuavam ainda mais procurando por elas. Os galhos se retraíram somente quando o povo entendeu que era necessário ficar em casa. Devagar, os galhos foram secando e deixando de crescer, e as raízes não procuraram mais terra nova onde se fincar. Não foi simples o tempo de confinamento nas casas. Os cavaleiros eram os únicos que corriam de vilarejo em vilarejo para cobrir as necessidades do povo. Foram meses em que as barbas cresceram como árvores, as sobrancelhas pareciam florestas desconhecidas, e a criatividade para estar juntos se tornou lendária. Só assim as videiras sumiram, e pais, mães, filhos, filhas, netos, sobrinhos, amigos, companheiros, conhecidos e desconhecidos não precisaram mais das armaduras dos cavaleiros e nem foram engolidos pela lama.

De vez em quando, o vulcão chamado Covid volta a gritar e a engolir as videiras. As trombetas tocam e o povo sabe que, se ficar em casa, todas as dores vividas nos tempos passados serão evitadas. Os galhos não tardam muito a sair do meio da lava amarelada, mas, não encontrando ninguém em seu caminho, secam novamente, deixando traços vermelhos por todos os lados. Esse é o sinal de que a vida pode voltar a ser colorida, sem esquecer que as trombetas podem voltar a tocar a qualquer instante e que o toque dela não é uma opinião, mas um fato!

Pe. Lorenzo



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